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Arquiteto
português, Manuel Graça Dias nasceu em 1953, em Lisboa. Licenciado
em Arquitetura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL) em 1977,
desenvolve desde 1985 uma ampla atividade académica, em particular a letiva. No
período 1985-1996 foi assistente na Faculdade de Arquitetura da
UniversidadeTécnica de Lisboa (FAUTL) e professor convidado na Faculdade de
Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) a partir de 1997, assim como na Facoltá
di Architettura do Politecnico di Milano desde 1999. Leciona ainda no
Departamento de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa, o qual dirige
desde 1998. Ética e civicamente empenhado na crítica e divulgação da arquitetura, quer
dirigidas aos profissionais quer ao público em geral, publica com regularidade
artigos, textos, obras e projetos em jornais e revistas da especialidade desde
1978. É igualmente de sua autoria um programa televisivo (1992-1996, com
periodicidade quinzenal na RTP2) e no período 1995-1999 colaborou regularmente
com a TSF (canal radiofónico) em programas ligeiros de divulgação
arquitetónica, tais como conversas com arquitetos e a leitura de pequenos
textos de reflexão sobre diversos temas (no âmbito da arquitetura). Esta última
atividade teve ainda como consequência a publicação de dois livros: Ao
Volante pela Cidade (conversas em forma de entrevista), Lisboa, Relógio d'
Água, 1999; e O Homem que Gostava de Cidades (textos), da mesma editora,
2001. De entre outros livros publicados, destaque-se Passado Lisboa
Presente, Presente Lisboa Futuro, uma parceria com A. M. Pereira, 2001,
pela conjugação de um visionarismo do passado sobre Lisboa, o que ela é de
facto, entre virtudes e defeitos, e uma proposta do que pode ser, proposta essa
ancorada no presente e, por isso mesmo, viável. É diretor do Jornal Arquitetos, órgão da Ordem dos Arquitetos
Portugueses. Participa ainda frequentemente em conferências, exposições e
seminários, seja de divulgação arquitetónica em geral ou dos seus projetos e
obras, quer a nível nacional quer internacional. Profissionalmente, iniciou a sua atividade no atelier do arquiteto Manuel
Vicente, em Macau, no período 1978-1981. A partir de 1982 exerce a atividade em
Lisboa, quer individualmente quer em conjunto com os arquitetos João Vieira
Caldas, Júlio Teles Grilo, António Marques Miguel e Egas José Vieira. Com este
último funda em 1990 o atelier Contemporânea, parceria essa que perdura
até à data. No que toca à atividade profissional, a sua vasta obra recebeu
vários prémios, de entre os quais: Menção Honrosa Valmor (1983), pela
recuperação de uma casa na Graça, Lisboa (1979), em coautoria com António
Marques Miguel; obteve em conjunto com Egas José Vieira o 1.º lugar no concurso
para o Pavilhão de Portugal na Expo'92, Sevilha (1989), assim como o concurso
para a nova sede da então Associação de Arquitetos Portugueses - AAP / Banhos
de S. Paulo, Lisboa (1991); destes dois últimos projetos em concurso resultou a
respetiva concretização das obras e em 1999 Manuel Graça Dias e Egas José
Vieira receberam o Prémio AICA / Ministério da Cultura (Arquitetura) pelo
conjunto da sua obra. Elaborou ainda diversos projetos e tem diversa obra
construída, em Lisboa, Almada, Porto, Guimarães, Vila Real e Chaves.
Destacam-se, além das já citadas (Pavilhão de Portugal na Expo'92 e Sede da
AAP), a habitação coletiva Golfinho, Chaves (1985); lojas Ana Salazar, Lisboa
(1988); Porta Sul e Torre de Cracking da Expo'98, Lisboa (1994-1997). Em 2002, o atelier desenvolve, entre outros, o projeto de um novo campus
universitário (complexo de Ensino Superior) no Monte da Caparica, Almada, onde
se conta já obra construída; o projeto do teatro municipal de Almada - o Teatro
Azul; o edifício-sede da Sojornal (semanário Expresso), Lisboa; e o
projeto de um conjunto habitacional de 427 habitações em Guimarães. Manuel
Graça Dias e Egas José Vieira são ainda autores do polémico estudo de
reconversão urbana do estaleiro da Lisnave, Almada (2000), designado por
projeto Margueira. A proposta rompe com o conceito tradicional de cidade e
tenta evitar a suburbanização ao dotar a área de modo multifuncional, ao propor
habitação, serviços, equipamentos, áreas verdes e de lazer e uma cuidada
estrutura viária. A polémica deve-se à inusitada altura dos edifícios
propostos, pelo menos para os hábitos lusos. Este projeto, bem como todo o seu
percurso profissional e académico, revela precisamente a postura inquieta,
questionante e crítica de Manuel Graça Dias em relação à arquitetura como ainda
ao modus vivendi em
geral. Ciente da nossa condição contemporânea (o presente é
agora e as questões de agora devem ser agora resolvidas e não adiadas, quando
no futuro já serão outras), mantém-se crítico e não embarca no sentimento de
que nada podemos fazer para mudar as nossas cidades. Poderíamos defini-lo como
um provocador e agitador de mentalidades.
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