Raul Lino estudou em
Inglaterra e na Alemanha, onde trabalhou no atelier de Albrecht Haupt, com quem
manteve uma amizade duradoura. O encontro e a amizade que manteve com o
arquiteto alemão foi um dos pontos marcantes da sua formação estética,
arquitetónica e da conceção do cultural. Haupt era apaixonado pela arquitetura
do renascimento e levou a cabo várias viagens de estudo a Itália, Espanha e
Portugal, procurando o contacto direto com as obras, desenhando-as e
documentando-se. Uma conceção da cultura como elemento vivo, que se pode
experimentar no terreno e participar dela. Raul Lino regressou a Portugal em 1897, onde
continuou os seus estudos. Desempenhou cargos no Ministério das Obras Públicas
e foi Superintendente dos Palácios Nacionais. Foi membro fundador da Academia
Nacional de Belas Artes. Ao longo dos seus 70 anos de artista e arquiteto,
defendeu a tradição na conceção das formas, afirmando que a arte e a
arquitetura são elas também um produto do homem e para os homens, com história,
genealogia, características e funcionalidades próprias do espaço e do tempo em
que se inserem e da comunidade para que são produzidas. É, assim, um defensor
da tradição versus modernismo ou um modernista da tradição.
Na obra
de Raul Lino salta à vista a qualidade do desenho, recheado de motivos
portugueses e a integração com o meio envolvente. Com Raul Lino é possível
conceber uma “Arquitetura Portuguesa”. Raul Lino entendia que a estética era um
elemento essencial, mesmo nas casas mais modestas e de construção mais
económica. O resultado é equilibrado entre a estética e a funcionalidade, a
criatividade, a atenção dada aos pormenores e a utilidade, os materiais
tradicionais e as comodidades atuais.
Sem comentários:
Enviar um comentário